A grande festa do livro, da leitura, do escritor, do leitor,
a XI Bienal do Livro da Bahia, transcorreu com sucesso de vendas e de público.
O Espaço do Cordel foi uma das maiores atrações com os poetas e folheteiros
presentes e dispostos a declamar seus versos a qualquer solicitação. Diversas regiões
baianas estiveram representadas e a Praça de Poesia e Cordel abrigou 22 poetas em
sua programação oficial, mas a literatura popular esteve presente também nas
vozes de poetas de outras linhagens literárias.
Na sexta-feira quem fez a abertura da festa foi Alberto
Lima, bradando títulos, versos e soprando uma flauta transversal que deu um
novo toque aos recitais e shows seguintes. Pilô Pires trouxe o misticismo da
Casa da Magia, rimando seus versos em homenagem à cabaça, aos cristais, aos
amigos e aos animais.
No sábado, Sérgio Bahialista, poeta, professor e mestre em educação, e Jotacê Freitas, fizeram mais uma vez a dobradinha de sucesso com seus cordéis urbanos satirizando o comportamento popular diante dos fatos corriqueiros e extraordinários da nossa sociedade.
No domingo, José Walter Pires, mostrou que erudição também pode
ser cômica, lírica e popular. Creusa Meira defendeu sua postura feminista
feminina com versos simples e conscientizadores. Sueli Valeriano o tempo
inteiro defendeu a cultura da sua terra com mensagens ecológicas e saudáveis.
Na segunda-feira, Jurisvaldo Alves, poeta e folheteiro,
brindou a todos com o pouco da história do cordel e da vida do folheteiro, o movimentador
do cordel no Brasil, além de lançar um romance em parceria com sua filha
Patrícia Oliveira. Olliver Brasil deu um banho de interpretação com seus causos
caipiras de rimas perfeitas. Osmar Machado, poeta consagrado no 1º Concurso
Nacional de Literatura de Cordel da Funceb 2004, declamou seus martelos bem
ritmados, no galope do cavalo na beira do mar. Neste dia, em outra sessão, o
poeta Piligra, lá de Itabuna, leu cordel para todos, uma peleja de três e uma
odisseia amadiana.
Na terça-feira, todos os cordelistas ocuparam a Praça de
Poesia em benefício do andamento da programação e o curador, José Inácio, convocou
o alabaiano Luis Natividade e o cearense Abraão Batista para demonstrarem seus
poemas até a chegada de Kitute de Licinho, direto de Irará. Vestido com gibão e
chapéu de couro, este iraraense conquistou a plateia com sua comicidade durante
as leitores de diversos folhetos.
Na sexta-feira, feriado da República, Franklin Maxado fez um
show de cordel e foi mais que um bufão demonstrando uma lucidez clareadora em
relação às manifestações ocorridas no país segundo semestre deste ano. Ele foi
ladeado por Janete Lainha, de Ilhéus, ótima poeta e atriz excelente, que usou
muito bem o pequeno espaço cênico para dramatizar suas rimas. Com uma visão
libertadora do gênero feminino, Salete Maria, parabaiana, demonstrou com boa métrica
e oração que a mulher pode tudo e muito mais.
O encerramento
ocorreu no domingo. A confraria dos Antonios estava presente. Raquel e Alexandre
Vieira, cantaram o clássico texto A PELEJA DA SABEDORIA POPULAR COM A CIÊNCIA,
com direito a canja do netinho de Antonio Vieira, o renovador do cordel no final do
século XX. Antonio Barreto, declamou, cantou e inventou moda, de posse de um
pandeiro e de uma gaita, criou o Forró de Boca, que animou o espaço durante os
10 dias de feira.
Ciceroneados pelo ator e apresentador Jackson Costa, Antonio
Queiroz e Antonio Ribeiro, o Bule-bule, cantaram repentes de acordo com o gosto
da plateia, fazendo a alegria de todos e deixando saudades. Quem falou pouco
foi Zuzu Oliveira, grande poeta baiana, que resumiu todo o evento a uma simples
frase: “-Esta foi a Praça mais animada da Bienal e deveria ser chamada de Praça
da Alegria”.
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