![]() |
FOTO:https://www.facebook.com/alvinho.doriacho |
Aliado da Tropicália,
indisciplinado por Glauber, filho da poesia de mimeógrafo - panfletária com
cunho psicoantropicosociológico, neologista visual que 'alegrou o desespero com
as cores da alegria', Álvaro é um mentor odisséico. Com sua voz tranqüila filosopoetava
rindo de tudo como um sátiro louco. Peças, canções, poesias, petições, ironias
e silêncios.
“AFIANDO MINHA VIOLA
NUM ASSUNTO MUITO URGENTE
EU FAÇO A MINHA MAROLA
PRA IMITAR O REPENTE
MOSTRAR A ESSA GENTE
QUE ARTE, CULTURA E ESCOLA
NÃO PODE VIVER DE ESMOLA”
Mestre por natureza, aliou-se
ao saudense grupo Almart dando vida aos personagens e seus discursos verborrágicos
e cifrados de realidade nua e lúdica. Posou para fotos míticas e sentimentais. Desenhou
metáforas e alucinações. Escreveu também cordéis e até criou uma forma de estrofe
que tanto pode ser lida do primeiro ao último verso, como do último ao
primeiro. Promovia a função pedagógica do cordel e até participou da elaboração
de um projeto educacional com o Grupo Atuar.
“ARTE E EDUCAÇÃO
ANDAM SEMPRE DE MÃOS DADAS
SE HÁ UMA SEPARAÇÃO
ALGUÉM SE PERDE NAS ESTRADAS
ASSIM A SAPIÊNCIA
VAI VIRANDO IMPRUDÊNCIA
A ÉTICA VIRA PIADA”
Em sua homenagem foi
fundado um novo grupo teatral em Senhor do Bonfim, o CITEAR – Circo-Teatro
Alvinho do Riacho, com sede anexa à Sociedade Filarmônica, no aprazível bairro da
Gambôa. Parabéns aos dirigentes e à trupe que comandou a programação em
homenagem ao espaço cultural e ao homenageado Álvaro do Riacho, o Alvinho Perez,
o Biro.
“A VOCÊS MUITO OBRIGADO
ENFIO MINHA VIOLA NO SACO
POIS CUMPRI COM MEU RECADO
ACREDITANDO EM MEU TACO
EDUCAÇÃO É MÃE É SENHORA
NÃO DÁ PRA FICAR NA ESCORA
A HORA SE FAZ AGORA.”
Desde o dia 21,
sexta-feira passada, até o próximo domingo, 30 de agosto de 2015, uma intensa e
diversificada programação com música da Filarmônica e Banda Prosopoetas; recital;
dança e oficina; vídeos; fórum sobre política cultural; teatro; encontro de
artistas da Região do Piemonte Norte da Bahia; e até um improvisado forró com o
licor da casa do Alvinho.
Familiares e amigos prestigiaram
o emocionante evento em que diversas gerações se encontraram com saudade do
grande amigo e companheiro de lutas e risos.
“ESTE CORDEL VENTUREIRO
QUE LHES MOSTRO COM TERNURA
É GARANTIA DA FORÇA
DE UMA RICA CULTURA
ONDE MANDA A EMOÇÃO
QUE ENVOLVE O CORAÇÃO
DESTA LINDA CRIATURA”
No folheto MINE CENAS
AO CANTO DUM TROVADOR, lançado no sábado, o poeta Zaia, parceiro de Alvinho
neste texto, divulga o seu pensamento político anárquico sobre a cultura,
defendendo a prática da “ARTE DA REQUENGUELA”:
“A arte da requenguela ou estética da requenguela faz
parte da realidade de muitos artistas e grupos amadores. O grupo teatral Almart, com sede na cidade de Saúde-Bahia,
atuou na década de 1990, com apresentações na capital e nos territórios do semiárido baiano, tornando
esse pensamento uma ação real. A
metodologia consiste na criação e execução de projetos artísticos da cultura
popular utilizando-se dos mecanismos, técnicas e modos operantes de maior
simplicidade - seja na criação poética ou na produção de livros artesanais; na
encenação; cenários; figurinos; iluminação etc.
Este pensamento e
prática estão presentes de forma erudita na obra do poeta Alvinho do Riacho
(Álvaro Perez), que desde a década de sessenta do século XX, aprimorou e
revisou como esteio de sua poética que pode ser identificada no filme
CACHOEIRA, rodado em parceria com Ney Negrão. O Grupo teatral Almart, montou na
íntegra algumas peças teatrais dirigidas pelo próprio Alvinho do Riacho que
partia sempre do princípio da emoção em lugar da razão.”
Obs.: os versos aqui
mostrados compõem o folheto acima citado.
Belo texto, bela homenagem e belíssima programação. Muito sucesso e um forte abraço. Edmar Dias.
ResponderExcluirQuerido Edmar, era o mínimo que podíamos ter feito para nosso amigo. Você é sempre lembrado nos encontros e eu o acuso por me introduzir no teatro. Assuma esta culpa.
ResponderExcluirAbreijos na Dalva e no Ravel.
Jotacê