segunda-feira, 30 de março de 2015

SETE VERSOS, SETE BAIRROS - 466 ANOS DE SALVADOR

Uma iniciativa positiva para o cordel foi apresentada ao público no aniversário dos 466 anos da nossa capital na contracapa do jornal CORREIO, caderno 466*. Trata-se de 7 septilhas escritas por jovens de 7 bairros de Salvador participantes das oficinas de Cordel conduzidas pelo cordelista e poeta Luar do Conselheiro. Os versos contemplaram as paisagens, costumes e personalidades dos bairros de Itapuã, Lapinha, Cidade Baixa, Bairro da Paz, Cajazeiras, Pelourinho e Alto das Pombas. Mais detalhes no endereço: 

Conheça a vida e obra do poeta clicando abaixo:

sábado, 28 de março de 2015

DENI DE AMÁLIA CHEGANDO AO INFERNO!


Peço licença aos amantes do cordel para homenagear Deni - Barreto, Di Amália e Daniel - falecido dia 27/03, na cidade de Senhor do Bonfim, Sertão da Bahia. Cantor e compositor, Deni deixou um repertório de canções importantes para a formação da identidade cultural bonfinense. Lançou em 1995 uma fita K7 com 10 faixas, intitulada Nada Igual que logo em seguida foi lançado em CD. 

Deni di Amália é do Sertão Bonfinense, Norte da Bahia, onde aliou a  tradição junina à sofisticação da Bossa Nova, foi premiado nos festivais Sacramentinas 72, Canta Bahia 96 e Edézio Santos, em Juazeiro, 2002. 
Seus últimos acordes foram realizados em parcerias com André Bartilloti. As músicas estão registradas em estúdio e em breve serão lançadas em CD com um grupo que ele denomiva: A ISCA. Abaixo um poema em memória de Deni di Amália:


DENI DE AMÁLIA CHEGANDO AO INFERNO!

O menino Daniel,
Filho do mestre Barreto
E de Dona Amália Linda,
Viveu sem muito acerto;
Do Cariacá ao Rio,
Cantou tudo o que viu
E deixou o seu acervo.

Nada Igual ao que se ouvia
No repertório geral.
Era um meticuloso,
No palco não tinha igual.
Bossa Nova, MPB,
O Forró do ABC,
Com elegância total.

Amante imoderado
De cachaça e de mulher,
Cantou pra muitas amantes,
Bem-me-quer e malmequer.
Nas cordas do violão
Amarrou o coração
Atando as mãos e os pés.

Era temente a Deus,
Mas provocava os fiéis.
Dizendo ser uma mulher
O Senhor dos carrosséis.
Quem ficava indignado
Dizia que era pecado
E contra a lei dos papéis.

Sem prumo e desnorteado,
Deni era um peregrino,
Sua cruz era a viola,
Andarilho sem destino.
Perambulou pelo mundo
Como artista vagabundo,
Cantador desde menino.

Sem prato e sem patrão,
Vivia de fantasia,
Sonhando em ser Barão
No reino da melodia.
Foi um pássaro humano
Que entre acertos e enganos,
Respirava a poesia.

Um mendigo luxuoso,
Um nobre puído e bom.
Cavaleiro cervantino
Que não perdia o tom.
Era um filho legítimo
Da harmonia e do ritmo,
Sem violência, só som.

Sabedor de que vida
Era frágil e era vã,
Ele acendia a esperança
Logo cedo de manhã.
A canção atropelada
Será pra sempre lembrada
De Bonfim a Itapuã.

Deni minguou em Bonfim
‘A terra do bom começo’
Como um Orfeu, como um Dante,
No Inferno aos tropeços.
Viajou no Trem da Grota
 E o tempero da Cocota
Foi bom de lamber os beiços.

Salvador, 28 de março de 2015.
Mais videos com Deni no endereço:
https://www.youtube.com/channel/UCmV3keM80EpbVnGPQi8Gy0A