segunda-feira, 30 de novembro de 2015

BIBLIOTECA INFANTIL HOMENAGEIA CORDEL BAIANO!

 A Biblioteca Infantil Monteiro Lobato realizou o 3º Encontro de Cordelistas no último domingo, 29/12, em sua sede em Nazaré. A dirigente, Rosane Rubim, iniciou os trabalhos convidando os poetas presentes para uma roda de conversa na presença de uma platéia formada por crianças, jovens e adultos. Anunciou a homenagem ao cordel por sua importância cultural e a ligação dos poetas com a instituição. A Monteiro Lobato foi a primeira biblioteca pública a montar uma cordelteca em Salvador e a inaugurou durante o 2º Encontro de Cordelistas em 2011.

 Franklin Maxado Nordestino, poeta e artista plástico, não necessitou de apresentações. Falou da sua alegria por estar entre jovens leitores e autores e ao lado de amigos de luta na manutenção da resistência do cordel baiano. A trajetória de Franklin perpassa a história da Literatura de Cordel no Brasil, de Feira de Santana ao eixo Rio-São Paulo, feiras livres e livrescas, em todo o Norte e Nordeste, América Latina e Europa; com a experiência de ter publicações lançadas na França, Japão e Portugal, Maxado é um ícone para as novas gerações. Para o encontro ele levou seu repertório atual com cerca de 50 títulos de uma obra com mais de cinco centenas de folhetos, livros e xilogravuras.
CLIQUE NA IMAGEM E ASSISTA BARRETO E RAISA CANTANDO O CORDEL EM PARIS.
 Em seguida, Elton Magalhães, também professor de literatura, exaltou a importância da leitura, da biblioteca e do cordel para a sua vida. Natural de Castro Alves, nascido no mesmo dia em que nasceu Leandro Gomes de Barros, Elton é um poeta urbano, do asfalto, que qualifica o cordel baiano no mesmo patamar da produção nacional.
Antonio Barreto é um grande incentivador destes encontros e participa de projetos junto à biblioteca. Declamou cordel, interagiu com as crianças e, como bom professor, deu uma aula estimulando a leitura e a produção literária. Expôs, junto a outros folhetos, o pitoresco APELIDOS Y APELIDOS DO POVO DE SANTA BÁRBARA e o francês L'ARRIVÉE DE PAUL ZUMTHOR AU ROYAUME DE L'INFINI uma tradução para o francês do cordel A CHEGADA DE PAUL ZUMTHOR NO REINO DO INFINITO, realizada pela franco-brasileira Raisa França Bastos. Neste cordel, Barreto, assume uma mediunidade literária e com ajuda de um anjo-guardião,  discorre sobre a experiência criativa, vida e obra de Paul Zumthor, homenageado pela Universidade Nanterre - Paris 10 no seu Centenário. Finaliza agradecendo e elogiando os pesquisadores zumthorianos.
                            
 Zuzu Oliveira, matrona do cordel, fez sua carreira em feiras e festivais de repentistas. É vice-presidente da Ordem dos Poetas de Literatura de Cordel da Bahia e lamentou a falta de mais encontros assim, para falarmos sobre cordel, nossas experiências e produções. Fez um convite para que ingressássemos na Ordem, nos organizássemos e divulgássemos unidos em feiras e eventos autônomos e afins.
A pesquisadora, Andrea Betânia, nos lembrou do projeto de lei proposto pelo IPHAN para o tombamento do cordel e do repente como Patrimônio Imaterial da Humanidade. Louvou a iniciativa da biblioteca e declarou sentir-se em casa quando está entre cordelistas, pois além de ser seu objeto de pesquisa, conseguiu criar laços de amizade com os poetas.
João Augusto chegou com a mala cheia de novidades: um novo livro sobre Anísio Teixeira, selecionado entre os 10 melhores de 2015 pelo Prêmio Jabuti; uma proposta de licença para o comércio de cordel em todas as feiras do estado através da UPB; e reafirmou sua tendência a caçar e escrever sobre lobisomens, ou melhor, lubizone, conforme registra nos cordéis O LOBISOMEM FILMADO EM SÃO GONÇALO DOS CAMPOS e O LUBIZONE QUE APARECEU EM BARROCAS.
                             
 Sempre apresentando histórias pitorescas baseadas em fatos reais, envolvendo a si mesmo e seus amigos, Pilô, poeta e músico, nos brindou com a historia NO TROTE DE KID e, após leitura, cantou à capela uma de suas novas canções com letras anexadas ao folheto.
Jotacê Freitas, de Senhor do Bonfim, falou do seu contato inicial com o cordel na feira, mas discorda de que atualmente este seja o lugar dele, deixou de ser popular neste sentido, acredita que o rumo do cordel passa pela escola em todos os níveis. Citou sua nova coleção Recordelizar é viver,com relançamento de folhetos de ocorridos nos últimos quinze anos e leu o folheto FUI ROUBADO E NÃO DEI QUEIXA POIS SEI QUE JEITO NÃO TEM!

 Encerrando a roda de conversa, Creusa Meira, lembrou-se dos encontros anteriores, da importância desse momento não só para os poetas mas também para o público leitor que pode ter esse contato direto com seu autor favorito. Reafirmou a importância da união da classe, citou seus poemas políticos lançados na internet e encerrou sua participação lendo um cordel infantil de José Walter Pires.
Presente também ao evento, Walkíria Freitas, artista plástica, ilustradora de cordeis e arteterapeuta, elogiou os organizadores do evento e leu um dos poemas do seu livro “Brincando de fazer poesia’.
Após tanto papo, foi a vez das crianças apresentarem sua arte em um belíssimo sarau coordenado por Edna e a participação de Adriel, Erique, Railane, Lavínia, Nívia ...  Os pequenos leitores e artistas leram e cantaram textos dos poetas presentes de forma segura e cômica.  
Da esquerda pra direita: Franklin Maxado, Antonio Barreto, Pilô, Jotacê, Elton Magalhães, Creusa Meira, Rosane Rubim,
Zuzu Oliveira e João Augusto.