quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

CORDEL AMBIENTAL

Acaba de ser distribuído na Rede Municipal de Ensino, o livro CORDEL AMBIENTAL, uma edição da SMEC/CENAP, com produção da EPA-ENCENAR. O livro é uma coletânea dos “Cordéis Ambientais” premiados e classificados no I CONCURSO DE CORDEL AMBIENTAL promovido em 2009. São 76 páginas de papel reciclado de ótima qualidade, capa com gravura em preto e branco, fonte tipo bastão, toda maiúscula, 45 poemas nas mais variadas formas, tamanhos, métricas e esquemas rímicos. A criatividade foi liberada após aulas shows promovidas por um grupo de teatro. A Literatura de Cordel é uma ferramenta pedagógica que professores de diversas áreas já estão utilizando por facilitar a leitura, a escrita e a compreensão do texto.
Os autores foram organizados em quatro categorias: Alunos do ensino Fundamental I, Alunos do ensino Fundamental II, Alunos do Segmento de Educação de Jovens e Adultos, e a categoria dos Professores, que foram premiados, três por categoria, com computadores portáteis e câmeras fotográficas digitais.
O destaque ficou para o estudante Adauto Menezes, da Escola Municipal Esther Félix da Silva, de Fazenda Coutos, primeiro colocado na Categoria I, ganhando um ‘notebook’, ele que é aluno de cordel, teatro e xadrez, do professor José Carlos de Freitas(Jotacê), também homenageado com uma placa alusiva à sua função e uma câmera digital.
Outros premiados: Taciane Alves e Tainara Ramos da Silva; David dos Santos Reis e Juliana da Silva Ferreira; Aline Valença, Márcia Aparecida Santos Uzeda e Jorgete Conceição de Jesus; Acúrsio pereira Esteves, Arlete El-Sarle Cavalcante e Ivonete Medeiros Cavalcante.
Parabéns à Secretaria pela iniciativa que merece ser repetida ad libitum.
“Vamos cuidar do planeta
Com amor e com carinho
Se você não ajudar
E não deixar tudo limpinho
Ele vai se acabar
E também vamos juntinhos.”
Adauto Menezes, 11 anos.

CORDEL SATÍRICO E METALINGUÍSTICO

Mais uma vez a Editora Tapera lança dois novos folhetos do poeta bonfinense Jotacê Freitas. Desta vez o poeta cria uma peleja póstuma e fictícia envolvendo os dois maiores poetas baianos da Literatura de Cordel: Cuíca de Santo Amaro e Rodolfo Coelho Cavalcante. No EMBATE EMBLEMÁTICO ENTRE CUÍCA E RODOLFO NO ELEVADOR LACERDA são citados fatos históricos e outros nem tanto, resultados da folclorização envolvendo o relacionamento dos dois nos pontos de venda do Elevador Lacerda e suas posturas diante dos governantes.
O outro folheto, O SUMIÇO DAS CUECAS QUASE ENDOIDECE O MARIDO, trata-se de uma história picaresca e despretensiosa. O centro da trama é a traição de um marido que descuida com as cuecas e sua tentativa de agradar a esposa e a amante. Tipo de coisa que acontece não só na Bahia, o que aproxima o autor de qualquer leitor que gosta de crítica de costumes.
A primorosa arte das capas continua a cargo da artista plástica Walkíria de Andrade F. que a proxima a tecnologia da rusticidade xilográfica.
Os interessados em adquirir os folhetos ou contratar para oficinas, recitais e palestras, devem entrar em contato com edtapera@bol.com.br oficinadecordel@gmail.com

domingo, 7 de fevereiro de 2010

CORDEL DO CARNAVAL DA BAHIA

O poeta, Antonio Carlos de Oliveira Barreto, mais uma vez põe em prática duas atitudes que estão inovando o cordel baiano. Ele lança, primeiro, o texto na internet: no ‘blog’ e no ‘imeio’, para depois publicar na plataforma tradicional de papel, o folheto para venda. É uma generosidade grandiosa, brinda os leitores com o ‘tira-gosto’ virtual e depois oferece o ‘prato principal’ e real.
A partir da sua relação com o público leitor, Barreto, criou um novo estilo de cordel. O Cordel de Opinião Alheia. Ele comenta que, nas ruas, as pessoas sugerem, cobram e até exigem que ele escreva sobre determinados temas, o que nem sempre é confortável no mundo atual para quem busca a paz e a boa vontade entre os homens.
Buscando a neutralidade, o poeta, teve a brilhante ideia de perguntar a estas pessoas o que elas pensavam a respeito do tema citado, geralmente polêmico e tendencioso a injúrias pessoais. Transformou isso em versos, sextilhas ou septilhas, apresentando uma ‘reportagem’ opinativa sobre a temática em questão.
Ele já usou essa técnica nos folhetos a respeito de Padre Pinto, Big Brother, Clodovil, Obama, ACM, Lampião, Antonio Conselheiro e Caetano Veloso.
Agora ele nos oferta CARNAVAL DE SALVADOR – comércio, camarotes e vaidades, um cordel com 30 estrofes em septilhas. O poeta anuncia-se jornalista e com papel na mão pergunta a opinião das pessoas. Franklin Maxado, Nordestino, decano do cordel baiano, jornalista de profissão, lançou nos idos de 80 o cordel entrevista, mas nessa experiência, há apenas um diálogo, uma conversa, diferente da peleja, com a possibilidade de serem usadas mais de uma estrofe para responder a questão.
Na experiência de Antonio Barreto, o resultado é polifônico em seu imaginário poético e essa polissemia de opiniões gera identificação imediata, até por que, o poeta não perde o bom humor.
“— Hoje o clima é de apartheid
Feito o Muro de Berlim.
De um lado o povo simples
E do outro Camarim:
Criação de uma elite
Que passou a dar palpite
E fazer coisa ruim.

— Já existe fazendeira
Empresário, explorador
Donos de rede de hotel
Gente vil, bajulador
Matando essa bela festa
Que o mundo inteiro atesta:
Carnaval de Salvador.

— No Recife prazenteiro
Não tem corda ou escravidão.
Ninguém paga pra brincar
Lá quem manda é o folião
Mas aqui em Salvador
Não há ética nem pudor:
Tudo é privatização”

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

CORDEL PARA LINDEMBERGUE CARDOSO

Foi realizada, entre os dias 29 e 31 de Janeiro, na cidade de Livramento de Nossa Senhora, a VII Jornada Lindembergue Cardoso em homenagem ao grande maestro livramentense, falecido em 1989, aos 49 anos, vítima de infarte.
Estiveram presentes os cordelistas José Walter Pires, João Augusto Rocha e Creusa Meira. João Augusto fez uma palestra sobre literatura de cordel e leu um folheto; Zé Walter e Creusa Meira apresentaram o cordel CANTATA A QUATRO MÃOS PARA LINDEMBERGUE CARDOSO, de autoria dos dois.
Na opinião de Creusa Meira: “o povo da cidade gostou, existe um interesse muito grande das pessoas em relação ao cordel, não é algo bem conhecido na região. Achei que além de homenagear o maestro Lindembergue Cardoso, fizemos um bom trabalho de divulgação do cordel na cidade”.

Zé Walter - Sendo a sétima jornada
Dessa comemoração
Embarcamos na viagem
Carregados de emoção
Por esse grande maestro
Que sentiu jorrar seu estro
Nas entranhas do sertão.

Creusa Meira - Aos oito anos de idade
No interior da Bahia
Cidade de Livramento
Onde ainda residia;
Com os amigos na flauta
Pandeiro e tambor de lata
Uma orquestra ele regia.

ZW - Ainda na juventude
Nas retretas da bandinha
Ou nas festas da cidade
Quando o momento convinha
Revelava o seu talento
Na execução do instrumento
Que por vocação mantinha

CM - A vida de Lindembergue
Não cabe neste cordel
Seu trabalho magnífico
Foi registrado em papel
Fica também na memória
Essa brilhante história
De um grande menestrel.