segunda-feira, 24 de agosto de 2015

ALVINHO DO RIACHO, UM AMANTE DO CORDEL

FOTO:https://www.facebook.com/alvinho.doriacho
Aliado da Tropicália, indisciplinado por Glauber, filho da poesia de mimeógrafo - panfletária com cunho psicoantropicosociológico, neologista visual que 'alegrou o desespero com as cores da alegria', Álvaro é um mentor odisséico. Com sua voz tranqüila filosopoetava rindo de tudo como um sátiro louco. Peças, canções, poesias, petições, ironias e silêncios.

“AFIANDO MINHA VIOLA
NUM ASSUNTO MUITO URGENTE
EU FAÇO A MINHA MAROLA
PRA IMITAR O REPENTE
 MOSTRAR A ESSA GENTE
QUE ARTE, CULTURA E ESCOLA
NÃO PODE VIVER DE ESMOLA”

Mestre por natureza, aliou-se ao saudense grupo Almart dando vida aos personagens e seus discursos verborrágicos e cifrados de realidade nua e lúdica. Posou para fotos míticas e sentimentais. Desenhou metáforas e alucinações. Escreveu também cordéis e até criou uma forma de estrofe que tanto pode ser lida do primeiro ao último verso, como do último ao primeiro. Promovia a função pedagógica do cordel e até participou da elaboração de um projeto educacional com o Grupo Atuar.

“ARTE E EDUCAÇÃO
ANDAM SEMPRE DE MÃOS DADAS
SE HÁ UMA SEPARAÇÃO
ALGUÉM SE PERDE NAS ESTRADAS
ASSIM A SAPIÊNCIA
VAI VIRANDO IMPRUDÊNCIA
A ÉTICA VIRA PIADA”

Em sua homenagem foi fundado um novo grupo teatral em Senhor do Bonfim, o CITEAR – Circo-Teatro Alvinho do Riacho, com sede anexa à Sociedade Filarmônica, no aprazível bairro da Gambôa. Parabéns aos dirigentes e à trupe que comandou a programação em homenagem ao espaço cultural e ao homenageado Álvaro do Riacho, o Alvinho Perez, o Biro.

“A VOCÊS MUITO OBRIGADO
ENFIO MINHA VIOLA NO SACO
POIS CUMPRI COM MEU RECADO
ACREDITANDO EM MEU TACO
EDUCAÇÃO É MÃE É SENHORA
NÃO DÁ PRA FICAR NA ESCORA
A HORA SE FAZ AGORA.”

Desde o dia 21, sexta-feira passada, até o próximo domingo, 30 de agosto de 2015, uma intensa e diversificada programação com música da Filarmônica e Banda Prosopoetas; recital; dança e oficina; vídeos; fórum sobre política cultural; teatro; encontro de artistas da Região do Piemonte Norte da Bahia; e até um improvisado forró com o licor da casa do Alvinho.
Familiares e amigos prestigiaram o emocionante evento em que diversas gerações se encontraram com saudade do grande amigo e companheiro de lutas e risos.

“ESTE CORDEL VENTUREIRO
QUE LHES MOSTRO COM TERNURA
É GARANTIA DA FORÇA
DE UMA RICA CULTURA
ONDE MANDA A EMOÇÃO
QUE ENVOLVE O CORAÇÃO
DESTA LINDA CRIATURA”

No folheto MINE CENAS AO CANTO DUM TROVADOR, lançado no sábado, o poeta Zaia, parceiro de Alvinho neste texto, divulga o seu pensamento político anárquico sobre a cultura, defendendo a prática da “ARTE DA REQUENGUELA”:
“A arte da  requenguela ou estética da requenguela faz parte da realidade de muitos artistas e grupos amadores. O grupo teatral  Almart, com sede na cidade de Saúde-Bahia, atuou na década de 1990, com apresentações na capital e nos  territórios do semiárido baiano, tornando esse pensamento uma ação real.  A metodologia consiste na criação e execução de projetos artísticos da cultura popular utilizando-se dos mecanismos, técnicas e modos operantes de maior simplicidade - seja na criação poética ou na produção de livros artesanais; na encenação; cenários; figurinos; iluminação etc.
Este pensamento e prática estão presentes de forma erudita na obra do poeta Alvinho do Riacho (Álvaro Perez), que desde a década de sessenta do século XX, aprimorou e revisou como esteio de sua poética que pode ser identificada no filme CACHOEIRA, rodado em parceria com Ney Negrão. O Grupo teatral Almart, montou na íntegra algumas peças teatrais dirigidas pelo próprio Alvinho do Riacho que partia sempre do princípio da emoção em lugar da razão.”

Obs.: os versos aqui mostrados compõem o folheto acima citado.

41º FESTIVAL DE VIOLEIROS DO NORDESTE

Um dos mais respeitados festivais de repente do Brasil ocorreu neste sábado na cidade de Feira de Santana. Clique na imagem para saber mais detalhes.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

CORDEL BAIANO PARA AS CRISES!

Recordar é viver 3. Não tenho palavras... tudo é tão atual e ao mesmo tempo o reflexo do mal feito no passado.