domingo, 20 de dezembro de 2009

CORDEL PARA "EL MUNDO"

O festival Poetas del Mundo, que ocorreu no início de Dezembro, em Cartagena, Colômbia, contou com a presença do cordel através dos poetas Antonio Barreto, da Bahia, e Wladimir Cazé, de Pernambuco.
"El brasileño Antonio de Oliveira Barreto canta sus poemas con la misma cadencia de los juglares del Caribe. Trajo a Cartagena cien cuadernillos de poemas que reflejan el ingenio popular de Brasil." eluniversal.com.co
Wladimir Cazé também participou do encontro e, além de recitar seus poemas, comentou que existem semelhanças entre a cidade e povo de lá, com os de cá, mesmo com as diversidades existentes em um mesmo país.
Barreto elogiou a organização e limpeza das cidades de Cartagena, onde ficaram hospedados; e Bogotá, onde fez uma parada, e ficou impressionado com os "decimeiros", poetas que improvisam em décimas, lembrando nossos repentistas violeiros.

CORDEL NA III CONFERÊNCIA ESTADUAL DE CULTURA

Lá se foi o tempo em que mulher não escrevia cordel. Salete Miranda, poeta do Ceará, escreve em seu folheto "Mulher também faz cordel", premiado pela Fundação Cultural em 2005, que algumas mulheres escreviam cordel e codinominavam como homens. O mestre Anísio Melhor lembra-nos que "Xiquinha Riberôa foi a mulher de mais fama entre os violeiros do Sertão da Bahia."(1935)
Nos tempos atuais, Maysa Miranda, Dona Zuzu, Gilmara Cláudia e Creusa Meira, entre outras que ainda se escondem, escrevem e publicam seus versos com orgulho e certeza de que fazem parte de um grupo que acredita nas palavras como arma contra a hipocrisia, o desamor, a desonestidade e outros males que assolam na humanidade.
Abaixo, Maria José de Lima Macedo, poeta de Santa Bárbara, expõe sua opinião sobre a III CONFERÊNCIA ESTADUAL DE CULTURA, usando métrica e forma difíceis, décimas decassílabas, de uso mais comum estre os repentistas violeiros. A poeta faz variações métricas com onze sílabas, no estilo do Galope, usando como mote "Santa Bárbara minha cidade".
A Conferência ocorreu de 26 a 29 de novembro, na cidade de Ilhéus.
"Que toda e qualquer manifestação
Que caracterize um fato cultural
Em valor de direito seja igual
Oriunda do agreste ou do sertão
De qualquer território ou região
Das cidades ou dos sítios mateiros
Seja elas de palco ou de terreiro
Que se cumpra esta lei que já existe
Pra deixar nossa cultura menos triste
Que se apresente a orquestra e o violeiro.(...)
Me formei professora do lugar
Pensando que mais fácil ia ser
Me enganei e agora posso ver
Que por ser professora e cordelista
Nos editais oferecidos aos artistas
Simplesmente não posso concorrer
Estou hoje aqui para tentar
Esta lei esquisita reverter
Porque sei que nasci para escrever
Professora é uma história “do sonhar”."

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

CORDEL NA ILHA

O cordel fez sucesso na Primeira Mostra de Arte-Educação de Vera Cruz. A praça principal de Mar Grande, o ponto mais visitado da Ilha de Itaparica, ficou cercada pela arte dos alunos da rede municipal. A oficina de Cordel orientada pelo poeta Jotacê Freitas contou com a participação de alunos e professores. Foram apresentadas também manifestações de Samba de Roda, Terno de Reis, Capoeira, Karatê, Xadrez e outros esportes. Crianças pintaram, brincaram com sucata e escreveram versos:"Eu fui fazer uma oração / e quando eu cheguei lá / eu me bati com um cão / ele me mordeu a bunda / corri depressa pra casa." "Fui ao Baiacu e encontrei / um monte de urubu / fiquei com vontade de comer / de comer caruru."
Quem teve presença marcante foi Bade, ator e poeta da Ilha, que nos brindou com uma apresentação do seu Contador de Histórias, e o Grupo de Teatro do GAPA Bahia.
Para os organizadores foi "um evento de cunho sociopolítico-pedagógico-educacional, cuja premissa é agregar pessoas e reunir esforços em busca do (re)conhecimento e valorização dos saberes locais...".

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O ABOIO MODERNO DE MAXADO NORDESTINO


O poeta e xilogravurista, Franklin Maxado Nordestino, mais uma vez envereda pelo caminho da música com ABOIO MODERNO, música selecionada para o 9º. Festival “Vozes da Terra”, Feira de Santana, 2.009, uma parceria sua com Raimundo M. S. e arranjos de Sapiranga, autor do projeto “Música da Zona da Mata”. Esta é a 4ª vez em que ele classifica uma música para as finais. O evento será na Praça do Fórum, em Feira de Santana, das 10 às 19 horas.
“Franklin Maxado, é um feirense que renovou a Literatura de Cordel de feira quando morava em São Paulo e que é jornalista formado pela UFBA. Fundou e dirigiu as primeiras sucursais de jornais da capital em Feira (Jornal da Bahia e Emissoras e Diários Associados). Trabalhou ainda em A Tarde, na Folha de São Paulo, tendo três livros sobre Cordel e Xilogravura publicados pelo histórico jornal Pasquim, do Rio de Janeiro. É também da turma fundadora da TV Educativa da Bahia, onde teve um programa diário.
Voltando para Feira em l990, dirigiu por mais de l0 anos o Museu Casa do Sertão da UEFS, que idealizou, e também presidiu a AFL- Academia Feirense de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico de Feira (interinamente). Tem uma fazendinha onde cultiva suas raízes rurais e a criação de gado.
Tem 300 cordéis publicados, além de livros como o Álbum de Feira de Santana (ensaio com desenhos), Protesto à Desuman-Idade (poemas), Profissão de Poeta (poemas), Negramafricamente (poemas) eAntologia de Cordel da Editora Hedra.”
Segundo Franklin Maxado, “o Aboio é um canto de vaqueiro no seu trabalho para chamar ou tocar os bois no pasto ou na boiada pelas antigas trilhas. Na região pecuária de Feira de Santana, muito se ouviu esse canto monocórdio e gutural, principalmente no fim da tarde quando se prendiam os bezerros apartando das vacas a fim de tirar o leite delas pela manhã. A colonização portuguesa e mestiça no interior do país foi basicamente com as fazendas de gado, gerando uma população rural e folguedos do nosso Folclore como o Bumba-Meu-Boi.”
Na nova canção, o poeta denuncia a industrialização das fazendas e a mercantilização desenfreada dos animais que hoje vivem quase mudamente, quase sem mugidos, com os seus vaqueiros motorizados e sem aboios.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

LEI MARIA DA PENHA EM CORDEL


A Campanha 16 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra a Mulher 2009 contará com a presença da poeta Creusa Meira, uma das revelações do novo cordel baiano.
Apaixonada pelos versos populares do mestre Patativa do Assaré, Creusa Meira é uma cordelista nata, lá das bandas de Dom Basílio-BA.
Em amor à cultura popular, participa de Semanas Culturais em Livramento, município baiano onde passou parte da juventude. Foi lá que, entre escritos antigos em forma de diários e ABCs em sextilhas, do seu pai Né Meira, despertou para a literatura de cordel. Na internet, tem participado de festivais de versos e concursos de cordel. Creusa reside em Salvador, onde trabalha como bancária. Possui vários trabalhos publicados em folhetos.
No novo folheto ela parte em defesa da causa feminina relatando em septilhas as mazelas da violência e os benefícios da Lei Maria da Penha.
“A vida sem violência
É direito da mulher,
Procure o atendimento
Onde você estiver;
A Lei Maria da Penha
Pode ser a sua senha
Denuncie, quando quiser.”

domingo, 22 de novembro de 2009

CORDEL DA CONSCIÊNCIA




O Novembro Negro da Fundação Pedro Calmon incluiu o cordel na sua programação. O poeta Jotacê Freitas esteve na Praça Ana Lúcia Magalhães, no Itaigara, realizando uma oficina de cordel para as crianças presentes. Contou história e leu cordéis.
Sob a sombra de árvores, crianças e adultos se reuiniram em torno das mesas e ouviram, falaram e escreveram versos de cordel.
O professor utilizou a música e a leitura dramática para atrair a atenção dos participantes, que também estavam interessados em lápis de cor e nas ilustrações dos folhetos.
O tema da oficina foi a Consciência Negra e o oficineiro leu versos sobre os preconceitos e influências da cultura afro no Brasil. No Brasil só, não, na Bahia!
No folheto "O Negro lutou pra burro pra ser alguém na Bahia!" o poeta escreveu:

"Entre esses negros havia
Discípulos de Maomé
Da religião Islã
Um povo de muita fé
Letrado e também casado
Com mais de uma mulher."
Mostrando a diversidade do povo africano na Bahia.

sábado, 14 de novembro de 2009

CORDEL ILUSTRADO



A canção infantil “O Cravo Brigou com a Rosa” serviu como inspiração para Antonio Barreto escrever este belo livro cuja narrativa pode ser lida e cantada enquanto acompanhamos a história de amor de dois jovens dos dias de hoje. As alegres ilustrações de Antonio Cedraz dão um toque especial a este cordel que inova no seu formato.

O público presente ao lançamento na Livraria Multicampi LDM, a partir das 10 horas de hoje, se encantou com o livro e o recital promovido pelas crianças do Grupo Calabar Força Total, freqüentadores da Biblioteca Comunitário do bairro, orientados por Professora Nildes. Diversos poetas também recitaram em homenagem aos autores.

Antonio Barreto é autor de vários artigos em jornais, revistas e antologias, tem editado 100 folhetos de cordel que abordam temas ligados à educação, problemas sociais, futebol, humor e pesquisa. Ultimamente, Antonio Barreto vem se dedicando à cantoria e ministrando palestras e oficinas de cordel em escolas, faculdades e outras instituições.

Antonio Cedraz é o criador da Turma do Xaxado, com a qual ganhou, 6 vezes, o mais importante prêmio de Histórias em Quadrinhos do Brasil: o HQ MIX, da Associação dos Cartunistas do Brasil. Mestre dos Quadrinhos pela Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo, tem revistas editadas por várias editoras de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Curitiba, além de ter publicado inúmeras histórias em quadrinhos e tiras diárias em jornais de todo o Brasil e em jornais e revistas de Cuba, Portugal e Angola.

domingo, 8 de novembro de 2009

CORDEL NO PARQUE DA CIDADE - SALVADOR



A Biblioteca Móvel, da Fundação Pedro Calmon, promoveu, neste domingo, mais uma Oficina de Cordel com o poeta Jotacê Freitas, no Parque da Cidade.

Tendo como tema a Consciência Negra, o poeta fez leituras de folhetos, contou história e ensinou as técnicas básicas do cordel para crianças através das quadras com o próprio nome e palavras de origem africana, estimulando o reconhecimento da identidade afro em nosso povo.

"A Revolta da Chibata / Dos Malês e Alfaiates / Foram provas decisivas / Pra acabar com o disparate / De que o Negro era covarde / Não partiu para o combate."

As crianças que participaram levaram folhetos de cordel para casa.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

ANO DA FRANÇA NO BRASIL EM FEIRA DE SANTANA 1



O CUCA - Centro Universitário de Cultura e Arte, da UEFS - Universidade de Feira de Santana, realizou na última quinta-feira a abertura da Exposição "Muitos destinos, uma só Bahia", na Galeria Carlo Barbosa e do lançamento de três cordéis dos poetas baianos Franklin Maxado, Jotacê Freitas e Antonio Barreto, em homenagem ao Ano da França no Brasil.

Participantes do Projeto Sacatar, os artistas franceses também traduzem essa relação através de pinturas, fotografias e esculturas. São eles: Dany Leriche, Étienne Yver, Jean-Marc GODÈS, Sophie Préveyraud e Louis Pavageau, este último, falecido recentemente, tem uma das suas obras ilustrando a capa do folheto "A Influência da França do Cordel Brasileiro", de autoria de Franklin Maxado.

ANO DA FRANÇA NO BRASIL EM FEIRA DE SANTANA 2


Os poetas Antonio Barreto, de Santa Bárbara; Jotacê Freitas, de Senhor do Bonfim; e o anfitrião Franklin Maxado, de Feira de Santana; estiveram presentes autografando os livros, enquanto a dupla de repentistas Lucas de Oliveira e Zé Francisco, e o cantador da Zona da Mata, Sapiranga, encantavam o público com seus versos e melodias.

Estiveram presentes diversos artistas, poetas e autoridades.

domingo, 25 de outubro de 2009

O REPENTE DA BAHIA NÃO MORREU NEM VAI MORRER. 1

Para aqueles que acreditavam que na Bahia, dos coqueiros, da Mãe Preta e do Pai João,o repente está morrendo, mais uma vez os repentistas baianos mostram sua força e alegria de criar através de uma das artes mais antigas da humanidade, a poesia. “Quer ir mais eu vamos, quer ir mais eu, ‘bora!”

O REPENTE DA BAHIA NÃO MORREU NEM VAI MORRER. 2


Aconteceu no dia 24 de outubro, sábado, a partir das 20 horas, o IX FESTIVAL DE VIOLEIROS E REPENTISTAS DE SALVADOR, em homenagem a Papada e com apoio da FPC, OBPLC e Sindicato dos Comerciários, no Espaço Cultural dos Comerciários, em Nazaré. Paraíba da Viola, atual presidente da Ordem dos Poetas da Bahia, iniciou falando das dificuldades para a realização do evento e da condução da bandeira do Cordel na Bahia, que não é uma tarefa só dele, mas de todos os poetas.

O REPENTE DA BAHIA NÃO MORREU NEM VAI MORRER. 3



Bule-bule assumiu o comando do evento para que Paraíba participasse da peleja. Com sua costumeira animação anunciou os membros da comissão julgadora e enumerou as duplas concorrentes aos 10 Troféus expostos na mesa. Participaram do evento, as seguintes duplas:

Caboquinho e João Ramos; Zé Pedreira e Leandro; Antonio Queiroz e Beija-Flor; Paraíba da Viola e Davi Ferreira; Nadinho e Antonio Maracujá; Bráulio Pinto e Rui Aboiador; e, Zé Francisco e Lucas de Oliveira. A festa foi finalizada com o Grupo de Samba Raízes do Sertão.

sábado, 17 de outubro de 2009

ANO DA FRANÇA NO BRASIL 1

Às 18 horas, os poetas estavam a postos. Conversaram com os leitores e cumprimentaram velhos e novos amigos, familiares e colegas. Clarindo Silva, o anfitrião da Cantina da Lua, nos passou um caldo histórico sobre o Patrimônio em que estávamos e serviu ao público presente uma ‘canja’ dos 3 poetas baianos.

O ANO DA FRANÇA NO BRASIL NO CORDEL BAIANO foi um sucesso. O cordel e a cultura francesa despertam interesses nas mais diversas pessoas.

ANO DA FRANÇA NO BRASIL 2

O poeta Franklin Maxado “Nordestino” foi o primeiro a subir ao palco. Mandou ver no seu conhecimento sobre a cultura francesa e até ensinou uma tradicional canção infantil francesa com direito a coreografia e tudo. No seu folheto INFLUÊNCIA DA FRANÇA NO CORDEL BRASILEIRO ele nos mostra em septilhas que “Mesmo tendo batalhado / Por séculos a leitura, / o Cordel na França teve / Sujeito a cruel censura / De Napoleão III / Que proibiu o livreiro / De escrever com feitura.”

ANO DA FRANÇA NO BRASIL 3


Em seguida, Jotacê Freitas falou da influência do comediante Molière em sua arte teatral e poética justificando o título do seu folheto: “NA ESCOLA DE MOLIÈRE, POQUELIN FOI PROFESSOR”. Em seus versos, o poeta narra a peça “ESCOLA DE MULHERES” e revela um pouco da ‘filosofia’ de Molièrie: “Endireitar esse mundo / É uma loucura sem par / O mundo não tem mais jeito / E não há o que mudar / Deixa ele seguir em frente / Pra ver onde vai parar.”

ANO DA FRANÇA NO BRASIL 4

Antonio Barreto agradeceu a presença dos convidados e dos freqüentadores da Cantina da Lua, desculpou-se por estar sem condições de falar muito, em função de uma virose, mas trouxe de presente um cantador de chula, Carlinhos Boca, de Santa Bárbara, pra levantar o astral dos presentes com a cultura baiana de raiz. Em “DETALHES DA REVOLUÇÃO FRANCESA EM VERSOS DE CORDEL”, o poeta ressalta a importância desse evento para a humanidade. “Das grandes revoluções / De caráter social / A Revolução Francesa / Foi um referencial / De mudança pioneira / Muito mais que alvissareira / Na História Universal."

ANO DA FRANÇA NO BRASIL 5


A solenidade de lançamento foi encerrada por Elizeu Moreira Paranaguá, poeta e produtor do evento, analisando a importância cultural da união França-Brasil e de como o cordel é importante não só para a cultura brasileira.

ANO DA FRANÇA NO BRASIL 6


Como não poderia deixar de ser, muitos poetas estiveram presentes e uma foto conjunta foi necessária para exibir com orgulho a força e a renovação do CORDEL BAIANO. Gilmara Cláudia, Luiz Natividade, Zaia, Franklin Maxado, Jotacê Freitas, Creusa Meira, Rutinaldo, José Walter Pires e Antonio Barreto.

ANO DA FRANÇA NO BRASIL 7


Poetas amantes do cordel e dos cordelistas também marcaram presença no lançamento e brindaram com cravinho esse evento literário tão raro em nossa Salvador. O Xilogravurista Luiz Natividade e os poetas Gilberto Teixeira e Douglas Almeida. Marcaram presença também, os poetas Geraldo Maia, Boa Morte, Osmar Machado e Wladimir Cazé que foi se despedir do turma pois segue pra Vitória com a benção do Espírito Santo.

Bernardo Almeida, poeta, jornalista e videasta, com sua camêra Sony registrou cada detalhe da festa, à sua frente os poetas Creusa Meira e Rutinaldo; e ao fundo Elizeu, dirigindo a cena.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

FRANÇA REUNE POETAS BAIANOS

Os poetas Franklin Maxado, de Feira de Santana; Antonio Barreto, de Santa Bárbara; e Jotacê Freitas, de Senhor do Bonfim, foram provocados pelo poeta Eliseu Moreira Paranaguá a se inspirarem na cultura e história francesa para escreverem folhetos em homenagem a esse país que tanta influência já teve sobre o mundo e neste ano, 2009, está sendo comemorado o ano da França no Brasil.

Os folhetos serão lançados na sexta-feira, 16/10, a partir das 18 horas, na CANTINA DA LUA, no PELOURINHO.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A MÉTRICA


A MÉTRICA ou medida, é o tamanho do verso, que geralmente é de 7(sete) sílabas, contando até a última sílaba tônica. Exemplo:

BA TA TI NHA QUAN DO NAS CE
1 2 3 4 5 6 7 8
ES PAR RA MA PE LO CHÃO
1 2 3 4 5 6 7
CAR RE GO PA PAI NO BOL SO
1 2 3 4 5 6 7 8
E MA MÃE NO CO RA
ÇÃO
1 2 3 4 5 6 7

Essa medida permite ser cantada em ritmo de repente, embolada, forró, funk, samba e até rap.

Existem outras medidas, a utilizada acima é heptassílaba. Existem ainda a Decasílaba(10 sílabas); Hendecassílaba (11 sílabas); e Dodecassílaba(12 sílabas). Estas medidas são mais usadas pelos violeiros repentistas.

OLHA A RIMA QUE DÁ

A RIMA é a principal característica do cordel. Rima é o som parecido que as palavras possuem no final e é dividida em:
RIMA SOANTE, consoante ou consonantal em que a semelhança tem quer ser nas vogais e nas consoantes. Exemplos: existe/triste – panela/janela – João/mamão – Ana/banana – Raquel/pastel – Ivo/vivo. Esse tipo de rima é a exigida pelos tradicionais repentistas.
RIMA TOANTE, assoante ou vocálica em que a semelhança está apenas nas vogais tônicas. Exemplo: ovo/bobo – novo/fogo – estrondo/sonho – cinza/restinga – tormento/vertendo. Esse tipo de rima é praticada eventualmente pelos poetas contemporâneos e é discriminada pelos conservadores
.

ESQUEMAS RÍMICOS

A ordem vale para Quadra, Sextilha e Septilha, as mais usadas na Literatura de Cordel:

SALTEADAS: X A X A – X A X A X A - X A X A B B A
CRUZADAS: A B A B – A B A B A B – A B A B C C B
EMPARELHADAS: A A B B – A A B B C C – A A B B C C B


As letras repetidas significam que as rimas se repetirão nessa sequencia ou esquema. O 'X' significa que não tem rima, ou seja, o verso é branco.

O poeta que optar por uma das formas deve usá-la até o final do folheto.

Existem outros esquemas rímicas e cada poeta pode criar o seu, desde que haja uma musicalidade agradável aos ouvintes.

ESTROFAÇÃO

A forma das estrofes, os conjuntos de versos, mais utilizadas são:

QUADRA – com 4 versos e rimas nos versos pares, foi muito usada no passado e hoje está restrita a atividades pedagógicas.
SEXTILHA – conjunto com 6 versos ou pés.
SEPTILHA – conjunto com 7 versos ou pés.
DÉCIMA – conjunto com 10 versos ou pés.


O poeta que optar por uma das formas deve usá-la até o final do folheto.

sábado, 10 de outubro de 2009

ASSIM CAMINHA O CORDEL NOVO 6

Querem os mais tradicionalistas que a forma única seja mantida, valorizam apenas as rimas soantes e a escansão clássica sem respeito à prosódia individual. Acredito que o cordel estropiado, de pé-quebrado, fortaleça e ajude a manter e renovar a tradição do cordel. Todo artista investiga sua arte. Cordel estropiado é aquele que não mantém de forma regular a métrica, as estrofes e o esquema rímico. Quebra-se o ritmo de acordo com a necessidade ou entusiasmo do poeta e alguns estão optando por essa liberdade, usar a estética do cordel sem ‘respeitar’ as normas. É uma maneira de popularizar a poesia, e os poetas Miguel Carneiro, José Inácio, Geraldo Maia e Carlos Pronzato palmearam esse terreno, sofisticando a linguagem e a embalagem. Como fizeram Ferreira Gullar, João Cabral, Lima Barreto, Ildásio Tavares, Ruy Espinheira e outros. Talvez o conceito “cordel” como literatura seja mais abrangente que a simples aplicação de formas e fórmulas. Compreender sua função social é também fundamental para a sua conceituação. Antropofagicamente todos os erros, barbarismos, cacofonias e redundâncias são úteis ao cordel e à toda literatura. Oswald de Andrade preconizou e Franklin Maxado confirmou. Para aonde o cordel irá propender não importa, importa que ele permaneça existindo, pois é poesia, pura e simplesmente. Assim caminha o Cordel Novo: abrindo espaços para anteriores, contemporâneas e futuras gerações.

ASSIM CAMINHA O CORDEL NOVO 5

Recentemente um grupo de jovens poetas foi apresentado como a Nova Geração Cordelística da Bahia. Formado por Ailton Silva Aleluia, Alex Magrelinho, Catarina Barbosa Bandeira, Luís Ricardo, Marcus V. Santos Morinigo e Rafael Oliveira de Santana, esse grupo é oriundo do CRIA e orientados por Zeca Magalhães, poeta e arte-educador. Seus membros tem em média 18 anos e representam o sangue novo do cordel. Eles fogem da rigidez formal e quebram o pé a torto e a direito, o que não desmerece o trabalho, a estética do cordel está presente da capa à linguagem; dos temas à forma. O aprimoramento virá com o tempo. É um início corajoso que merece mais frutos. Que o espírito bardo-vate-menestrel os acompanhe.

ASSIM CAMINHA O CORDEL NOVO 4


Infelizmente o cordel baiano tem esperado apoio governamental e não tem encontrado. A Fundação Pedro Calmon tem se preocupado com a memória e a produção do cordel com a criação de um concurso nacional que já premiou os poetas Osmar Macedo Junior, Varneci Santos do Nascimento e Aécio Alves de Freitas, entre outros, e um edital que não não teve concorrência por conta da burocracia. Mas, além disso os poetas poderiam tirar seus escritos das gavetas e editá-los. Tradicionalmente o cordel sempre foi independente e autônomo, tanto pelo baixo custo quanto pelo meio de divulgação: o corpo a corpo. Antonio Vieira e Antonio Carlos de Oliveira Barreto têm feito isso com freqüência. Até nosso editor, o poeta, Gustavo Felicíssimo, se deixou enredar pelas teias do cordel e compôs um canto heróico para Prestes e Lampião. Outro poeta, Luis Campos, o Blind Joker, tem alimentado seus leitores via Internet com cordéis virtuais.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

ASSIM CAMINHA O CORDEL NOVO 3


Aos poucos fui conhecendo outros poetas que não eram “repentistas” nem “violeiros”, mas escreviam cordel: Alvinho do Riacho e Dr. Zaia, de Saúde; Ailton Ribeiro, da Serra da Carnaíba; Zumar Sérgio, Gilmara Cláudia, Litinho de Inácio, Guegueu Schade, de Senhor do Bonfim; Nestor, de Piatã; Carlos Joel, de Jacobina; José Olívio, de Alagoinhas; Kitute de Licinho, de Irará; Janete Lainha Coelho e Gerino Batista de Almeida, de Ilhéus; Antonio Vieira, de Santo Amaro da Purificação; Pinto Barbosa, de Paulo Afonso; Antonio Barreto, de Santa Bárbara; José Walter Pires, de Brumado; Creuza Meira, de Dom Basílio; Maysa Miranda, Adolfo Moreira Cavalcante, José e João Crispim Ramos, João Augusto, Tarcísio Mota, Zezão de Castro, Dona Zuzu, Wladimir Cazé, Sérgio Baialista e Gutemberg Santana, de Salvador; esse último inovando na formatação do folheto criando um “cordelão”, tamanho 30x11, com ilustrações internas e leiaute cinematográfico. Também Marcos Haurélio, Pardal do Jaguaribe, Davi Nunes, Osmar Machado e Carlos Alberto. Cordelistas dispersos por aí é mato. Muitos não chegam ao nosso conhecimento, outros nem fazem questão de aparecer. Esse talvez seja o segredo da permanência do cordel até os dias atuais como uma arte literária acessível economicamente e de fácil assimilação por tratar-se de uma poesia objetiva. Para muitos, considerado como um objeto exótico para coleções, o cordel vem causando uma revolução desde a virada do milênio com novos autores espalhados pelo Nordeste. Editoras como Tupynanquim e Sescordel, no Ceará; Cordel Cicatriz em Pernambuco; Queima-bucha, do Rio Grande do Norte; têm editado novos folhetos e lançado novos autores.

ASSIM CAMINHA O CORDEL NOVO 2


Bule-Bule, o maior repentista vivo da Bahia, eu vi na TV e me orgulhei ao conhecê-lo pessoalmente. É o prosseguidor do trabalho de Rodolfo Coelho Cavalcante, como organizador da classe poética, e tem uma carreira de músico e repentista independente da de cordelista. Sua geração iniciou os trabalhos entre os anos 60 e 70, pós Minelvino Francisco Silva; e, entre outros, são destacados os seguintes: Antonio Queiroz, Berto Santos, Papada, Tranquilino, Erotildes, Archibaldo, Carlinhos, Enoque, Genário, Gino Frey, Hildemar, ISMOCA, JOSAN, Aras, Jussandir, Manuel dos Santos Almeida, Imperador, e Paraíba da Viola, responsável pela Banca de Cordel da Praça Cayru, única referência do cordel em Salvador. Atuando por fora, mais precisamente em São Paulo, Franklin Maxado Nordestino, um ícone da renovação do cordel nos anos 70 e 80, foi vítima de preconceitos por ser “doutor” e acabou virando personagem de folhetos. Em Bonfim, minha cidade natal, os poetas Osvaldo Aragão, Hélio Freitas e Carvalho de Melo, me aproximaram da métrica, o que facilitou a criação de diversos acrósticos para aniversários, batizados, casamentos e enterros; e depois Carlos Grota e Raimundo 'Mamute' Carneiro, revelando-me os segredos das cantorias. Laércio Lima e Paulo Machado confrontaram-me com Cuíca de Santo Amaro e soube apenas que foi um cordelista “boca de brasa”, um Gregório de Mattos popular.

ASSIM CAMINHA O CORDEL NOVO


As notícias que temos sobre as origens do cordel brasileiro são datadas entre 1898 a 1903. Dois grandes nomes disputam o título de primeiro cordelista brasileiro: Leandro Gomes de Barros e Silvino Pirauá de Lima, dois paraibanos. O primeiro meado do século XX foi decisivo para o crescimento do cordel no Brasil, milhares de poetas estavam registrados em ordens, associações e academias de cordelistas, violeiros e trovadores. Na Bahia foi justamente nesse período que surgiram Cuíca de Santo Amaro e Rodolfo Coelho Cavalcante. O primeiro, um baiano que, ao contrário do nome, nasceu em Salvador; o segundo, um alagoano que abaianou-se definitivamente. Outros poetas que publicaram anteriormente ou foram seus contemporâneos não ecoaram nos registros disponíveis.

O QUE É CORDEL?



Num ciclo de estudos sobre literatura de cordel, realizado em 1976, em Fortaleza, sob o patrocínio da Universidade Federal do Ceará, indagaram ao prof. Raymond Cantel, da Sorbonne, grande estudioso do assunto, qual seria a definição mais compacta que se poderia dar do cordel. Seria apenas - perguntamos - poesia narrativa, impressa? Imediatamente, ele complementou: Popular. Então, aqui está a mais reduzida, a mais simples definição sobre cordel: Poesia narrativa, popular, impressa. Todo o acervo da literatura de cordel - cerca de quatorze mil folhetos publicados, para Átila de Almeida, embora outros estudiosos ampliem esse número - não tem sido outra coisa sequer isto: poesia narrativa, popular impressa.
De maneira que, qualquer outra manifestação semelhante ao cordel, cujo conteúdo divirja deste trinômio, deve ser apreciada com reserva. Não é poesia de cordel autêntica. Só existe uma maneira de identificar o cordel legítimo: é através da analise da ideologia que ele reflete. O poeta popular nordestino é conservador, por excelência. Há que examinar detidamente cada conteúdo dos folhetos, através da linguagem e das idéias que ali transparecem com espontaneidade.
Em geral, o poeta popular nordestino é católico ortodoxo. É amigo do vigário, defendendo-o em todo o sentido. Por sua vez, os padres prestigiam a tarefa dos poetas populares, quando não a exploram. O poeta popular é sempre a favor do governo. Há mesmo um célebre ditado que diz: "Contra o governo, rio cheio e pomba dura, etc..." Como igualmente o poeta popular repudia ou ironiza as inovações da tecnologia moderna. O que não quer dizer que não haja exceções, um bom exemplo é o nosso conhecido conterrâneo,
Patativa do Assaré.

Dois ilustres folcloristas brasileiros, Luis da Câmara Cascudo e Manuel Diéges Júnior, trouxeram, contribuição ao problema da origem da nossa literatura de cordel. Cascudo em vários ensaios e livros, sobretudo no seu "Vaqueiros e Cantadores" e "Cinco Livros do Povo", e Manuel Diéges Júnior especialmente no ensaio "Ciclos Temáticos na Literatura de Cordel". Eles nos mostraram a vinculação dos folhetos de feira, a partir do século XVII, com as "folhas volantes" ou "folhas soltas", em Portugal, cuja venda era privilégio de cegos, conforme informava Téofilo Braga.

Autor: Carlos Cícero de Lacerda Alencar

No Destaque, em verde, um preconceito que existe até hoje.