domingo, 20 de dezembro de 2009

CORDEL PARA "EL MUNDO"

O festival Poetas del Mundo, que ocorreu no início de Dezembro, em Cartagena, Colômbia, contou com a presença do cordel através dos poetas Antonio Barreto, da Bahia, e Wladimir Cazé, de Pernambuco.
"El brasileño Antonio de Oliveira Barreto canta sus poemas con la misma cadencia de los juglares del Caribe. Trajo a Cartagena cien cuadernillos de poemas que reflejan el ingenio popular de Brasil." eluniversal.com.co
Wladimir Cazé também participou do encontro e, além de recitar seus poemas, comentou que existem semelhanças entre a cidade e povo de lá, com os de cá, mesmo com as diversidades existentes em um mesmo país.
Barreto elogiou a organização e limpeza das cidades de Cartagena, onde ficaram hospedados; e Bogotá, onde fez uma parada, e ficou impressionado com os "decimeiros", poetas que improvisam em décimas, lembrando nossos repentistas violeiros.

CORDEL NA III CONFERÊNCIA ESTADUAL DE CULTURA

Lá se foi o tempo em que mulher não escrevia cordel. Salete Miranda, poeta do Ceará, escreve em seu folheto "Mulher também faz cordel", premiado pela Fundação Cultural em 2005, que algumas mulheres escreviam cordel e codinominavam como homens. O mestre Anísio Melhor lembra-nos que "Xiquinha Riberôa foi a mulher de mais fama entre os violeiros do Sertão da Bahia."(1935)
Nos tempos atuais, Maysa Miranda, Dona Zuzu, Gilmara Cláudia e Creusa Meira, entre outras que ainda se escondem, escrevem e publicam seus versos com orgulho e certeza de que fazem parte de um grupo que acredita nas palavras como arma contra a hipocrisia, o desamor, a desonestidade e outros males que assolam na humanidade.
Abaixo, Maria José de Lima Macedo, poeta de Santa Bárbara, expõe sua opinião sobre a III CONFERÊNCIA ESTADUAL DE CULTURA, usando métrica e forma difíceis, décimas decassílabas, de uso mais comum estre os repentistas violeiros. A poeta faz variações métricas com onze sílabas, no estilo do Galope, usando como mote "Santa Bárbara minha cidade".
A Conferência ocorreu de 26 a 29 de novembro, na cidade de Ilhéus.
"Que toda e qualquer manifestação
Que caracterize um fato cultural
Em valor de direito seja igual
Oriunda do agreste ou do sertão
De qualquer território ou região
Das cidades ou dos sítios mateiros
Seja elas de palco ou de terreiro
Que se cumpra esta lei que já existe
Pra deixar nossa cultura menos triste
Que se apresente a orquestra e o violeiro.(...)
Me formei professora do lugar
Pensando que mais fácil ia ser
Me enganei e agora posso ver
Que por ser professora e cordelista
Nos editais oferecidos aos artistas
Simplesmente não posso concorrer
Estou hoje aqui para tentar
Esta lei esquisita reverter
Porque sei que nasci para escrever
Professora é uma história “do sonhar”."

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

CORDEL NA ILHA

O cordel fez sucesso na Primeira Mostra de Arte-Educação de Vera Cruz. A praça principal de Mar Grande, o ponto mais visitado da Ilha de Itaparica, ficou cercada pela arte dos alunos da rede municipal. A oficina de Cordel orientada pelo poeta Jotacê Freitas contou com a participação de alunos e professores. Foram apresentadas também manifestações de Samba de Roda, Terno de Reis, Capoeira, Karatê, Xadrez e outros esportes. Crianças pintaram, brincaram com sucata e escreveram versos:"Eu fui fazer uma oração / e quando eu cheguei lá / eu me bati com um cão / ele me mordeu a bunda / corri depressa pra casa." "Fui ao Baiacu e encontrei / um monte de urubu / fiquei com vontade de comer / de comer caruru."
Quem teve presença marcante foi Bade, ator e poeta da Ilha, que nos brindou com uma apresentação do seu Contador de Histórias, e o Grupo de Teatro do GAPA Bahia.
Para os organizadores foi "um evento de cunho sociopolítico-pedagógico-educacional, cuja premissa é agregar pessoas e reunir esforços em busca do (re)conhecimento e valorização dos saberes locais...".

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O ABOIO MODERNO DE MAXADO NORDESTINO


O poeta e xilogravurista, Franklin Maxado Nordestino, mais uma vez envereda pelo caminho da música com ABOIO MODERNO, música selecionada para o 9º. Festival “Vozes da Terra”, Feira de Santana, 2.009, uma parceria sua com Raimundo M. S. e arranjos de Sapiranga, autor do projeto “Música da Zona da Mata”. Esta é a 4ª vez em que ele classifica uma música para as finais. O evento será na Praça do Fórum, em Feira de Santana, das 10 às 19 horas.
“Franklin Maxado, é um feirense que renovou a Literatura de Cordel de feira quando morava em São Paulo e que é jornalista formado pela UFBA. Fundou e dirigiu as primeiras sucursais de jornais da capital em Feira (Jornal da Bahia e Emissoras e Diários Associados). Trabalhou ainda em A Tarde, na Folha de São Paulo, tendo três livros sobre Cordel e Xilogravura publicados pelo histórico jornal Pasquim, do Rio de Janeiro. É também da turma fundadora da TV Educativa da Bahia, onde teve um programa diário.
Voltando para Feira em l990, dirigiu por mais de l0 anos o Museu Casa do Sertão da UEFS, que idealizou, e também presidiu a AFL- Academia Feirense de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico de Feira (interinamente). Tem uma fazendinha onde cultiva suas raízes rurais e a criação de gado.
Tem 300 cordéis publicados, além de livros como o Álbum de Feira de Santana (ensaio com desenhos), Protesto à Desuman-Idade (poemas), Profissão de Poeta (poemas), Negramafricamente (poemas) eAntologia de Cordel da Editora Hedra.”
Segundo Franklin Maxado, “o Aboio é um canto de vaqueiro no seu trabalho para chamar ou tocar os bois no pasto ou na boiada pelas antigas trilhas. Na região pecuária de Feira de Santana, muito se ouviu esse canto monocórdio e gutural, principalmente no fim da tarde quando se prendiam os bezerros apartando das vacas a fim de tirar o leite delas pela manhã. A colonização portuguesa e mestiça no interior do país foi basicamente com as fazendas de gado, gerando uma população rural e folguedos do nosso Folclore como o Bumba-Meu-Boi.”
Na nova canção, o poeta denuncia a industrialização das fazendas e a mercantilização desenfreada dos animais que hoje vivem quase mudamente, quase sem mugidos, com os seus vaqueiros motorizados e sem aboios.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

LEI MARIA DA PENHA EM CORDEL


A Campanha 16 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra a Mulher 2009 contará com a presença da poeta Creusa Meira, uma das revelações do novo cordel baiano.
Apaixonada pelos versos populares do mestre Patativa do Assaré, Creusa Meira é uma cordelista nata, lá das bandas de Dom Basílio-BA.
Em amor à cultura popular, participa de Semanas Culturais em Livramento, município baiano onde passou parte da juventude. Foi lá que, entre escritos antigos em forma de diários e ABCs em sextilhas, do seu pai Né Meira, despertou para a literatura de cordel. Na internet, tem participado de festivais de versos e concursos de cordel. Creusa reside em Salvador, onde trabalha como bancária. Possui vários trabalhos publicados em folhetos.
No novo folheto ela parte em defesa da causa feminina relatando em septilhas as mazelas da violência e os benefícios da Lei Maria da Penha.
“A vida sem violência
É direito da mulher,
Procure o atendimento
Onde você estiver;
A Lei Maria da Penha
Pode ser a sua senha
Denuncie, quando quiser.”