Lá se foi o tempo em que mulher não escrevia cordel. Salete Miranda, poeta do Ceará, escreve em seu folheto "Mulher também faz cordel", premiado pela Fundação Cultural em 2005, que algumas mulheres escreviam cordel e codinominavam como homens. O mestre Anísio Melhor lembra-nos que "Xiquinha Riberôa foi a mulher de mais fama entre os violeiros do Sertão da Bahia."(1935)
Nos tempos atuais, Maysa Miranda, Dona Zuzu, Gilmara Cláudia e Creusa Meira, entre outras que ainda se escondem, escrevem e publicam seus versos com orgulho e certeza de que fazem parte de um grupo que acredita nas palavras como arma contra a hipocrisia, o desamor, a desonestidade e outros males que assolam na humanidade.
Abaixo, Maria José de Lima Macedo, poeta de Santa Bárbara, expõe sua opinião sobre a III CONFERÊNCIA ESTADUAL DE CULTURA, usando métrica e forma difíceis, décimas decassílabas, de uso mais comum estre os repentistas violeiros. A poeta faz variações métricas com onze sílabas, no estilo do Galope, usando como mote "Santa Bárbara minha cidade".
A Conferência ocorreu de 26 a 29 de novembro, na cidade de Ilhéus.
"Que toda e qualquer manifestação
Que caracterize um fato cultural
Em valor de direito seja igual
Oriunda do agreste ou do sertão
De qualquer território ou região
Das cidades ou dos sítios mateiros
Seja elas de palco ou de terreiro
Que se cumpra esta lei que já existe
Pra deixar nossa cultura menos triste
Que se apresente a orquestra e o violeiro.(...)
Me formei professora do lugar
Pensando que mais fácil ia ser
Me enganei e agora posso ver
Que por ser professora e cordelista
Nos editais oferecidos aos artistas
Simplesmente não posso concorrer
Estou hoje aqui para tentar
Esta lei esquisita reverter
Porque sei que nasci para escrever
Professora é uma história “do sonhar”."
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