QUASE TODA CULTURA
Tive acesso ao CATÁLOGO – CULTURAS POPULARES & IDENTITÁRIAS DA BAHIA e fiquei estarrecido e estupefato com informações incompletas para um livro que se propõe a mostrar TODA CULTURA, como o apresenta o Secretário de Cultura.
A edição é primorosa e de qualidade técnica exuberante, fotos de qualidade e breves textos de apresentação das manifestações culturais populares da Bahia. O referido catálogo foi produzido pela gráfica do Liceu de Recife, o que mostra que nem pro próprio Governo a EGBA faz um trabalho com preço baixo.
Meu primeiro susto foi ir ao capítulo 13.CORDEL & POESIA POPULAR, ilustrado com a capa de um dos meus folhetos, PANVERMINA E ZABELÊ NAS QUEBRADAS DO SERTÃO, premiado no Concurso Nacional de Literatura de Cordel, promovido pela Fundação Cultural em 2005 e não encontrar o nome do autor exposto, muito menos relacionado na lista de cordelistas da Bahia, que aliás contém apenas os dados de 20 poetas, sendo 3 de Salvador, o que não corresponde à realidade da nossa Literatura de Cordel.
Parece que os funcionários da Secult não quiseram visitar o próprio acervo e pesquisar na Antologia Baiana de Literatura de Cordel, editado em 1997, no Censo da Cultura Popular publicado em 2000 com 10 volumes, ou ainda, no Catálogo do Acervo Bibliográfico da Fundação Cultural do estado da Bahia – Coleção Folhetos de Cordel, publicado em 2006.
Os editores nos informam na apresentação que “mestres e agentes de cultura, representantes de manifestações, associações culturais, brincantes, folcloristas, líderes comunitários, trabalhadores comuns, artistas e pesquisadores da área, preencheram, manual ou eletronicamente, o formulário, respondendo à chamada pública da Secretaria.” Mesmo não tendo recebido esse chamado e o formulário eletrônico, tive meu nome e de outros poetas encaminhados à Secult para esse fim. Alguns que receberam e preencheram o formulário não foram contemplados da mesma forma. Ficamos sem saber quais os critérios adotados para a inclusão no catálogo.
Talvez digam que estou ressentido e magoado pela exclusão, mas de certa maneira estou contente por estar junto de grandes mestres que também não constam nesta relação, alguns internacionalmente conhecidos: Franklin Maxado, Bule-Bule, Antonio Queiroz, Caboquinho, João Ramos, Jurivaldo Silva, Antonio Alves, Ismoca, Mariano Imperador, Zévalter Pires, Creusa Meira, Pardal de Jaguaribe, João Augusto, Sérgio Baialista, Carlos Alberto, Davi Nunes, Gutemberg Cruz, Zumar Sérgio, Zuzu Oliveira, Gilmara Cláudia, Maysa Miranda, Patrícia Oliveira, Litinho, Otacílio Teixeira, Nestor de Piatã, Alvinho do Riacho, Zaia e muitos outros que não lembro no momento, mas que numa sentada no arquivo de folhetos poderia citar uns cem, imagina trabalhando confortavelmente numa cadeira giroflex numa sala acarpetada com ar-condicionado, água gelada e cafezinho quente à disposição?
No evento que ocorreu durante a semana no Pelourinho, a Feira de Cordel possuía apenas 15% de folhetos produzidos por poetas baianos, os 85% restantes eram de pernambucanos, paraibanos, cearenses e potiguares, nada contra os colegas nordestinos, mas se o evento era de Cultura e Identidade Baiana, nada mais coerente que ter autores baianos participando.
Em relação à minha cidade, Senhor do Bonfim, e às outras manifestações, fiquei mais frustrado ainda, pois temos servidores representantes de cultura e apenas Tijuaçu teve o nome incluso em duas categorias: Capítulo 11-Comunidades Quilombolas e Capítulo 33- Samba.
Será que não temos manifestações ativas nas categorias: Banda de Pífanos, Culinária, Danças de Roda, Literatura de Cordel, Expressões culturais religiosas, Forró&sanfoneiros, Quadrilha, Teatro de Rua & Teatro Popular?
Talvez a metodologia do Governo seja a de que ‘democraticamente divulgamos na internet e nossos servidores reencaminham aos interessados’ esquecendo-se de que os artistas populares têm dificuldade de comunicação, locomoção e informação.
Pra chatear mais ainda, no texto de apresentação, os editores afirmam que “só é possível(...) implementar políticas públicas que possam promover o segmento com a participação efetiva da população.” Aonde???
O pior de tudo é saber que nosso dinheiro, arrancado de nossos bolsos através de impostos direto na fonte salarial ou nas compras de bens básicos para a sobrevivência e bem estar, está sendo mal usado e esse catálogo, com certeza, em breve estará servindo de escora para algum móvel numa repartição pública qualquer ou mofando num dos depósitos da Secult.
Jotacê Freitas, poeta e professor.
Tive acesso ao CATÁLOGO – CULTURAS POPULARES & IDENTITÁRIAS DA BAHIA e fiquei estarrecido e estupefato com informações incompletas para um livro que se propõe a mostrar TODA CULTURA, como o apresenta o Secretário de Cultura.
A edição é primorosa e de qualidade técnica exuberante, fotos de qualidade e breves textos de apresentação das manifestações culturais populares da Bahia. O referido catálogo foi produzido pela gráfica do Liceu de Recife, o que mostra que nem pro próprio Governo a EGBA faz um trabalho com preço baixo.
Meu primeiro susto foi ir ao capítulo 13.CORDEL & POESIA POPULAR, ilustrado com a capa de um dos meus folhetos, PANVERMINA E ZABELÊ NAS QUEBRADAS DO SERTÃO, premiado no Concurso Nacional de Literatura de Cordel, promovido pela Fundação Cultural em 2005 e não encontrar o nome do autor exposto, muito menos relacionado na lista de cordelistas da Bahia, que aliás contém apenas os dados de 20 poetas, sendo 3 de Salvador, o que não corresponde à realidade da nossa Literatura de Cordel.
Parece que os funcionários da Secult não quiseram visitar o próprio acervo e pesquisar na Antologia Baiana de Literatura de Cordel, editado em 1997, no Censo da Cultura Popular publicado em 2000 com 10 volumes, ou ainda, no Catálogo do Acervo Bibliográfico da Fundação Cultural do estado da Bahia – Coleção Folhetos de Cordel, publicado em 2006.
Os editores nos informam na apresentação que “mestres e agentes de cultura, representantes de manifestações, associações culturais, brincantes, folcloristas, líderes comunitários, trabalhadores comuns, artistas e pesquisadores da área, preencheram, manual ou eletronicamente, o formulário, respondendo à chamada pública da Secretaria.” Mesmo não tendo recebido esse chamado e o formulário eletrônico, tive meu nome e de outros poetas encaminhados à Secult para esse fim. Alguns que receberam e preencheram o formulário não foram contemplados da mesma forma. Ficamos sem saber quais os critérios adotados para a inclusão no catálogo.
Talvez digam que estou ressentido e magoado pela exclusão, mas de certa maneira estou contente por estar junto de grandes mestres que também não constam nesta relação, alguns internacionalmente conhecidos: Franklin Maxado, Bule-Bule, Antonio Queiroz, Caboquinho, João Ramos, Jurivaldo Silva, Antonio Alves, Ismoca, Mariano Imperador, Zévalter Pires, Creusa Meira, Pardal de Jaguaribe, João Augusto, Sérgio Baialista, Carlos Alberto, Davi Nunes, Gutemberg Cruz, Zumar Sérgio, Zuzu Oliveira, Gilmara Cláudia, Maysa Miranda, Patrícia Oliveira, Litinho, Otacílio Teixeira, Nestor de Piatã, Alvinho do Riacho, Zaia e muitos outros que não lembro no momento, mas que numa sentada no arquivo de folhetos poderia citar uns cem, imagina trabalhando confortavelmente numa cadeira giroflex numa sala acarpetada com ar-condicionado, água gelada e cafezinho quente à disposição?
No evento que ocorreu durante a semana no Pelourinho, a Feira de Cordel possuía apenas 15% de folhetos produzidos por poetas baianos, os 85% restantes eram de pernambucanos, paraibanos, cearenses e potiguares, nada contra os colegas nordestinos, mas se o evento era de Cultura e Identidade Baiana, nada mais coerente que ter autores baianos participando.
Em relação à minha cidade, Senhor do Bonfim, e às outras manifestações, fiquei mais frustrado ainda, pois temos servidores representantes de cultura e apenas Tijuaçu teve o nome incluso em duas categorias: Capítulo 11-Comunidades Quilombolas e Capítulo 33- Samba.
Será que não temos manifestações ativas nas categorias: Banda de Pífanos, Culinária, Danças de Roda, Literatura de Cordel, Expressões culturais religiosas, Forró&sanfoneiros, Quadrilha, Teatro de Rua & Teatro Popular?
Talvez a metodologia do Governo seja a de que ‘democraticamente divulgamos na internet e nossos servidores reencaminham aos interessados’ esquecendo-se de que os artistas populares têm dificuldade de comunicação, locomoção e informação.
Pra chatear mais ainda, no texto de apresentação, os editores afirmam que “só é possível(...) implementar políticas públicas que possam promover o segmento com a participação efetiva da população.” Aonde???
O pior de tudo é saber que nosso dinheiro, arrancado de nossos bolsos através de impostos direto na fonte salarial ou nas compras de bens básicos para a sobrevivência e bem estar, está sendo mal usado e esse catálogo, com certeza, em breve estará servindo de escora para algum móvel numa repartição pública qualquer ou mofando num dos depósitos da Secult.
Jotacê Freitas, poeta e professor.
Mas olha só, parece mentira. Estive no pelourinho na quarta e achei tudo meio mixuruca. A exclusão dos cordelistas e outros artistas da tão combalida cultura popular é uma falta de respeito. Só propaganda não basta, é preciso valorizar.
ResponderExcluirRoberto
Eu me sinto contemplada fazendo parte do grupo de cordelistas que, mesmo não aparecendo no tal catálogo, está presente nos folhetos de cordel que existem por aí. Felizmente há espaços como este blog e muitos outros que não nos esquecerão. Juntos somos mais fortes e seremos imortais pelo nosso trabalho.
ResponderExcluirGrande abraço, Jota!
Creusa Meira
É triste ver a nossa cultura tendo esse tipo de tratamento. Felizmente o povo saberá valorizar seus representantes culturais com manifestações e carinho e apreço, prestigiando seus eventos e lançamentos. Valeu poetas, não desistam nunca!
ResponderExcluirchico
RESPOSTA DA SECULT ATRAVÉS DA ASCOM:
ResponderExcluirCaro Sr. Jotacê Freitas, poeta e professor:
Agradecemos pelo seu reconhecimento no que diz respeito à qualidade do Catálogo Culturas Populares & Identitárias da Bahia/2010. Porém, não o consideramos exuberante, como se afirma, pois sabemos quão pouco ele representa da imensa riqueza de nossa diversidade cultural.
É verdade, diversos mestres, grupos e expressões culturais não aparecem registrados nesse primeiro momento. É que a publicação desse primeiro catálogo, como logo se esclarece em sua apresentação, organiza e disponibiliza apenas informações enviadas pelos mestres, grupos e expressões que se apresentaram para esta primeira etapa de cadastramento, amplamente divulgada entre os meses de abril e maio de 2010. No caso dos poetas - infelizmente também para nós – somente 20 se apresentaram. Óbvio que esse número não corresponde à realidade da nossa Literatura de Cordel, ainda bem. Ainda bem também em relação às diversas expressões da cultura popular da Bahia, aqui, até agora, apenas 37 cadastradas.
Os critérios para a inclusão se resumem simplesmente ao recebimento dos dados, e lhe asseguramos que todos os formulários e informações que nos chegaram dentro do prazo de confecção do catálogo, estão ali inseridos.
Outrossim, em nenhum momento o Catálogo Culturas Populares & Identitárias da Bahia/2010 se propõe a esgotar o assunto. Muito pelo contrário, até registra - também já no texto de abertura - que “Infelizmente, os grupos dos municípios pertencentes aos territórios da Bacia do Rio Corrente e Sertão do São Francisco não responderam à chamada pública estadual e, por isso, este catálogo não traz informações relativas aos mesmos”.
Do mesmo modo, a publicação do Catálogo Culturas Populares & Identitárias da Bahia/2010, não se propõe a incorporar publicações anteriores sobre o assunto, nem a agregar informações nelas contidas.
No entanto, a nossa equipe, ciente do quanto é necessário ampliar o diálogo e o próprio cadastramento, se compromete textualmente “em edição posterior, sanar a deficiência”, além de lembrar “a todos os grupos baianos a importância de atentarem para iniciativas dessa natureza”. Reafirmando o objetivo, reconhece e aponta para que “Só é possível promover um mapeamento completo das culturas populares no Estado, fortalecer a integração poder público-agentes de cultura e, sobretudo, implementar políticas públicas que possam promover o segmento com a participação efetiva da população”.
Quanto ao destaque dado à capa de PANVERMINA E ZABELÊ NAS QUEBRADAS DO SERTÃO, sem expor o nome do autor, reconhecemos uma falha, pela qual pedimos desculpas, e nos comprometemos a saná-la na segunda edição, assim como avisarmos das próximas etapas do cadastramento, assim como fizemos, enviando cartas a todos os endereços que até então dispúnhamos, considerando também as especiais dificuldades de comunicação, locomoção e informação com que lidam os artistas populares.
Por enquanto, pudemos chegar até aí e, como dizem, para andar 5.000 km, começa-se com o primeiro passo, e este está dado.
Finalmente, quanto ao perigo do Catálogo Culturas Populares & Identitárias da Bahia/2010 “servir de escora para algum móvel numa repartição pública qualquer ou mofando num dos depósitos da Secult”, fique tranqüilo, isso não tem a mínima possibilidade de acontecer.
Hirton Fernandes
Núcleo de Culturas Populares e Identitárias/Secult-Ba.
hirton@hotmail.com
A reposta da SECULT, através da ASCOM, assinada por Hirton Fernandes, é positiva. Recebi em meu imeio pessoal e também no blog oficinadecordel, mas infelizmente não abriu. Estou republicando direto. Como bom Republicano, acho importante abrirmos para o diálogo e expormos as opiniões de todos. Márcio Meirelles, nosso Secretário, também me ligou hoje, em nome da nossa amizade, para dar uma explicação mais pessoal e 'menos fria', como ele mesmo frisou. É claro que entendo que eles se ‘passaram’ e que em poucos anos não dá pra abarcar tudo, agora, não valorizar os acervos que possuem em nome de uma nova demanda é muito triste, pois parece que fazemos cultura para ser renegada por futuros governantes que discordam do que foi feito. Não estou acusando, apenas é o que me parece que está acontecendo. Nunca me vi trabalhando para este ou aquele governo, mas sim para o Estado da Bahia, meu território, minha referência e identidade cultural.
ResponderExcluirNo mais, torço para que os futuros projetos não excluam ninguém e tentem mapear 'toda a cultura' baiana em todas as áreas, não apenas as populares e coloco-me à disposição para colaborar no que for possível e dentro dos meus limites. Isso será importante para estudantes e pesquisadores.
Valeu pela lembrança e atenção.
Abreijos
jotacê freitas
poeta e professor
Palavras bonitas não compensam, acho que os 'mestres' não deveriam ficar de fora. Se a proposta era divulgar só os que ouviram o chamado que ficasse claro: Catálogo dos que acreditam e estão atrás do governo do PT. O que esperamos de um órgão público e dos seus servidores é que façam um trabalho condizente com a realidade, pricnipalmente com a cultura popular, tão discirminada e excluída.
ResponderExcluirTerezinha
É muito bom saber que ao menos as queixas são ouvidas. Espero que as reivindicações sejam efetivadas para que nossa cultura melhores de qualidade.
ResponderExcluirPatrícia